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Porque em Minas todo mundo fala “uai”? O que significa “uai”? “Uai” é “uai”, uai…Você provavelmente iria escutar esta resposta de um mineiro. Na verdade tem uma pequena historinha que explica o famoso uai mineiro. Uma sigla para união e mais 2 palavras relacionadas a um fato histórico, que não lembro agora, mas que tem uma explicação tem sim uai? Aliás, existem muitas histórias em Minas, que explicam jeitos de falar, nomes de doces, características da arquitetura colonial, artesanatos e muitas histórias também, mais muitas mesmo, sobra a época da Inconfidência Mineira, Tiradentes, dos escravos, mulatos e brancos, dos padres, da Igreja, do ouro..a lista não tem fim. Quem quiser saber, pode passar uns dias por lá e escutar tudinho, no ritmo lento e cadenciado do jeito de falar mineiro. Um jeito de falar que parece ser conduzido pelo cheiro de bolo saído do forno ou de pão de queijo molinho, que fica melhor ainda com uma passada de manteiga que derrete tão rápido, que quase não dá pra ver. Voltando aos bolos, é bolo de cenoura com chocolate, bolo de milho, bolo de bolo, comum mesmo, bolo de laranja…Também não tem fim. Jeito de falar tímido, de sotaque carregado e um sorrisinho quase disfarçado no rosto, apenas para indicar um caminho. Jeito amigável e tranquilo que te saúda sem te conhecer, como se te conhecesse há tempos. Um jeito bom, lento, suave que ajuda a frear a corrida do dia a dia da cidade grande.

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Parece que o “Bom dia” é mais sincero. E se falo de Tiradentes, posso falar de uma cidade linda de arquitetura colonial, com casinhas brancas, janelas grandes coloridas, ruas de pedras, calçadas estreitas, muitas igrejas, muitas ladeiras, muitas lojas, muitos restaurantes, muita comida boa e muitas montanhas rodeando a pequena cidade que permaneceu ali. Casas com telhas velhas e irregulares que os escravos faziam apoiadas na suas coxas, e que deu origem a expressão “trabalho feito nas coxas”, querendo dizer que foi mal executado. Mas todo mundo concorda que as telhas assim são um ponto alto da arquitetura de lá. A cidade, com o passar do tempo, resistiu como um troféu para os dias de hoje, um prêmio, para todos nós aproveitarmos, o que restou da época ruim da escravidão e da exploração de tudo e todos pelos colonizadores. Hoje, a cidade está lá quietinha, como uma cidade mineira, com seus cheiros e sons típicos, como por exemplo o estrondoso barulho da Maria Fumaça, que permanece funcionando neste mundo cada vez mais tecnológico. Este charmoso trem corta o campo, assustando o gado em direção a São João Del Rei.

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Faz as crianças pularem de um lugar ao outro, felizes com o balanço dos vagões. Faz adultos virarem crianças de novo, lembrando de trens de madeira que brincavam quando pequenos, lembrando de cenários em livros de literatura ou simplesmente por estar dentro de uma locomotiva a vapor que faz ou já fez parte da vida de todos, como um elemento de brincadeira da infância, dentro de histórias ou de uma realidade distante no tempo. As ruas de Tiradentes parecem pautas de uma partitura e suas pedras grandes e irregulares, são como as notas musicais, onde caminhando depois de um belo jantar regado a vinho, cada pessoa ao pisar nessas pedras, segue um ritmo particular com o balanço do corpo, e aos risos criam sua música que será ouvida pelas namoradeiras coloridas, feitas de barro, esperando com seus olhares apaixonados, nas sacadas das janelas antigas dos solares e sobrados que com certeza não foram feitos nas coxas.

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