O trabalho do arquiteto é muito amplo e envolve muitas etapas e muitos arquitetos trabalham de formas e em atividades diferentes uns dos outros. Dependendo da experiência do arquiteto, ele indica o caminho e guia seus funcionários também arquitetos, como uma orquestra para que suas ideias tomem forma. Esses geralmente são os donos dos escritórios. Outros trabalham com o computador, desenhando vários tipos de desenhos na elaboração dos projetos e geralmente trabalham em escritórios de outros arquitetos ou em empresas. Tem o arquiteto autônomo, que às vezes trabalha sozinho ou tem ajuda de alguém. O arquiteto pode ser mais racional, mais metódico, mais objetivo. Ou pode ser mais artista, mais emocional e mais criativo. Vai depender da personalidade e da vivência de cada um. Existem muitos tipos de arquitetos.
O projeto pode ser o elemento que une todos os arquitetos. O projeto é a construção de uma ideia. Pode ser um edifício, uma sala de tv, um restaurante ou até uma casinha de cachorro. Tudo se inicia com uma ideia. E os arquitetos tem essas ideias iniciais. Por isso que são contratados, para ajudarem as pessoas a concretizarem seus sonhos e desejos através de sugestões que irão surgir após o entendimento dos desejos dos clientes.
E como essas sugestões iniciais surgem? Não tem regra. Devem ter muitos que precisam de um tempo até que ela apareça, outros acordam durante a noite para rabiscar, outros veem muitos livros e revistas para se inspirarem e outros apenas tem a ideia quase que instantaneamente. Além de outras várias formas que podem existir.
Uma ferramenta muito importante para ajudar na busca da ideia inicial e que contribui muito para a ordenação dos pensamentos e soluções do arquiteto em relação ao projeto, é o croqui. Um desenho ou rabisco, às vezes simples, às vezes complicado, com um jeito infantil, ou com traços mais maduros, mais limpo ou mais sujo. Em papel branco ou guardanapo. Não importa. Dá prazer croquisar.
O croqui atravessa as gerações de arquitetos. São verdadeiras marcas. Um exemplo é Oscar Niemeyer. Seus croquis se resumem a pequenos traços e curvas que traduzem de uma maneira simples e elegante o resultado final da obra. Verdadeiras obras de arte que são automaticamente reconhecidas por todos como sendo feitos por ele.
O croqui é libertador. Um desenho livre, leve e solto, onde o arquiteto pode arriscar mais, pensar sem barreiras, viajar. Não precisa apagar, usar borracha ou delimitar uma área no papel. Ele pode ultrapassar os limites do conhecido, pode usar cores, fazer sombras, brincar com as formas feito criança. Simplesmente relaxar mas sempre antenado.
Parece que já está tudo ali, representado com a textura do grafite 6b ou com a cor da caneta pantone. Alguns croquis saem com um entendimento perfeito logo de cara, outros podem precisar de uma aparada, onde se pode usar um papel vegetal em cima, para receber novos rabiscos com base no croqui inicial que ficará embaixo do papel vegetal.
Mas o croqui, durante o processo projetual do arquiteto, não precisa ser entendido por ninguém, apenas pelo arquiteto que o criou, como uma parte da etapa de concepção, que terá outros vários croquis. A não ser que o objetivo do arquiteto seja usá-lo também para explicar a ideia ao cliente. Nesse caso o croqui deverá ser mais elaborado. Mas o verdadeiro objetivo é dar vida ao pensamento, colocá-lo vivo no papel que antes era vazio. Fazer nascer a ideia.
A concepção do projeto, a meu ver, é uma das partes mais interessantes do trabalho do arquiteto, juntamente com a conclusão do trabalho, onde a idéia iniciada no croqui surge aos nossos olhos concretizada.
No croqui estão as respostas. É a base da arquitetura. Croqui é desenho. São duas palavras fáceis de falar. Elas saem da nossa boca de uma forma suave. A palavra desenho é mais leve, suave, lembra uma colina verde gramada com uma leve brisa batendo e balançando os pequenos ramos de flores. Já a palavra croqui é divertida, parece biscoito, brincadeira de criança. É a semente que brota na folha e transforma o mundo em volta como ouve-se bem na música Aquarela de Toquinho: “E com cinco ou seis retas, é fácil fazer um castelo…”
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